quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Uma parte minha



Passei por poucas linhas retas no meu caminho. E confesso minha queda atrativa pelos labirintos. Sou hoje nada convencional. A definição de se encontrar na medida exata ainda não existe e fico a imaginar diante do espelho o que os olhos se recusam a mostrar.

Falo mais do que penso e penso sempre que falo corretamente.
Questiono tudo, anoto muito mais, e no fim tenho mais perguntas.
Saboreio sempre que possível o lado concreto das coisas.
A literatura filosófica, o romance de Agatha Christie.
Fernando Pessoa
me mostrou outras faces. Sempre que posso leio Tabacaria e guardo meus pensamentos como rebanhos. Neruda é o fogo, Dalí é o sonho ...
Meu mundo ficou com horinzontes Lispector e cheio de Meireles.
Drummond
é um amor a cada 5 a 5 minutos...
As crises existencialistas de Sarte me levaram à loucura, Nietzsche me trouxe ao real e ao prazer e com isso passei bons tempos nos bares discutindo a maneira correta de "salvar a humanidade" ou de se salvar da mesma.
Gustave Flaubert me fez mulher, Honoré de Balzac me ensinou a ter mais solidão depois de tantas histórias.
Com Gabriel Garcia Marquez ... e vivi 100 anos de solidão num mundo que só eu conhecia.

No fim de cada livro mudo um conceito, no fim de cada ação mudo a próxima cena, e tudo vai girando como se nada fosse ensaiado.
Minha mente confusa com tantas descobertas, gosta de provar no físico a ciência das coisas ou a magia por trás de todas elas. Não perco a chance, o livro sempre anda comigo, um registro do olhar e tudo fica anotado para a cobrança futura. Cobro atitudes mais humanas e deixo minha humanidade escapar muitas vezes. Minha justiça se torna cruel, minha força quebra alguns conceitos e amigos também.
Falo muito, sou desprovida do bom senso da linguagem, mas luto pela cotas diárias para o uso das palavras. Preciso dessas cotas, urgente.

O trancendental também tem terreno no meu terreiro. Minha fé aumenta sempre que observo um novo raiar. Se literatura me deixa demasiadamente humana, o oculto me deixa divinamente humano e o silênco reina, a paz sobrevive em meio ao caos que toda boa ariana provoca. Assim sou eternamente atraída pelo lado que não conheço. Vi resultados interessantes, vi meu corpo ser reduzido a nada.

Estou descobrindo um mundo maior.

Sou a favor dos animais, dos pássaros sem gaiola. Luto pela liberdade, mas também pela evolução. Evolução pede compromisso, liberdade pede passagem livre. A contradição permanece. E gosto disso.
A música me inebria, música andina, celta e clássica e os anos 80 deveriam ter sido meus. Sim, nasci na época errada, queria ter estado lá nas greves feministas, ter ido a um show do Legião, ter pintado minha cara e ter sido de fato ativa numa ideologia.

Não tenho partido político. Mas acredito na utopia anarquista. Não acredito nas leis humanas, só nas divinas, tenho meus carmas na minha carne. Sou feita do pó das estrelas, mas minha matéria ainda me condena. Peco algumas vezes por isso, e fujo sempre que possível. Encarar minha fraqueza é decididamente doloroso.

Mudo de assunto e sempre escolho o tema do dia. O teatro é ilusão, o sorvete não é atrativo e caminhar alivia meu corpo, não minha alma. Faço meditação e gosto de yoga. Pratico o desapego e não gosto que peguem meus livros nem meu namorado. Gosto do transcendental, sou adepta a algumas Escolas, estudo outras e a natureza me encanta. Tomo ayahuasca.

Quero conhecer o mundo, desde o interno até todas as líguas. Ainda faço tatuagens e coloco uma nova cor no cabelo. O que não mudo escolho esquecer.
Estou aprendendo a calar-me. A sentir mais e ter menos.


Meu mundo vive sempre de cabeça para baixo e é por isso que é tão bonito...









sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Mundo livre meu...



Prometo ter mais forças para levar meu mundo
Prometo ser mais leve e deixar meu mundo vazio da dor
Prometo sorrir mesmo com braços cansados
Prometo ter a paciência de um Deus e ver o fim da batalha

O peso ás vezes amargo de carregar a existência nas costas
O tempo que triunfa e que vence a perspectiva da esperança
Parece cruel a tarefa de continuar
Parece ser infinitamente doloroso o pesado quadro da pintura de nossa arte individual

Mas há um tempo necessário, há uma colheita no porvir
Uma obra para ser realizada, um Dharma a ser cumprido
Mudam-se as cores, mudam-se as estações
Mundos nossos que aparecem no novo raiar da vida

O peso não é mais de tristeza
É alegria em poder mudar a cor da minha pintura universal...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Doce firmeza




Mas sempre é bom ter um lugar pra descansar
Após tantas divagações

Terra firme
Que segura quem tanto procura
Lugar bom
Com retiro de alívio pra esse coração


 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Não viver cansa mais



Não é fácil dançar em meio ao fogo
A difícil arte do equilíbrio
O corpo que se queima
A mão que arde na solidão de sua posição em silêncio

Desperto-me para dentro do círculo da vida
Desprendo-me da ilusão de não saber o que se é
Entro no jogo da dança mutante em segundos pertubadores

No medo de fracassar para a perfeição alcançar
Caio num sonambulismo ilusório, no prazer que é finito
A dor é mais intensa quando se retorna ao real

O fogo é realidade suprema que a tudo dissolve com sabedoria
Equilíbrio é a perfeição dos olhos sempre abertos e da mão sempre firme
Corpo cansado de viver é melhor que corpo cansado de sonhar

Não viver cansa mais
Não viver dói bem mais
Recusar a metamorfose é recusar o vento que chega no rosto ao salto dado