terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

é mais colorido aqui em cima




Encho meus balões de todo ar
que encontro em você...
Assim, subo tão alto que passo por todos o cimentos
e pelos vazios tristes dessa solidão irritante...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

E o que sobra de mim então ?

Anular-me em função dos demais não me tornaria melhor. Ver-me ser vencida pelo silêncio obrigatório não me deixaria mais sublime, mais recatada. O tempo não suportaria meu rosto sombrio, escondido pelo sorriso embriagado de quem não consegue ser o que apenas se é. O esforço de me conter diante de uma situação me empurra para longe do que sou e para longe do equilíbrio tão imaginado. Usar palavras coerentes é sinal de sabedoria, mas não dizer nenhuma palavra é o mesmo que apagar a chance de se conhecer um pouco mais, e assim melhorar os erros que tanto agridem os convívios. Pessoas não têm rostos de plásticos, nem corações feitos de peneiras, filtrando a dor que aparece.
Tenho coração de carne que tudo sente, que vê o que os olhos não querem acreditar. Ficar em silêncio seria minha derrota e minha covardia. Gosto das pessoas, mas gosto das pessoas justamente porque sei que o humano é incrivelmente expressivo, incontido, um pote cheio de milagres e de proporções gigantescas de ser capaz de falar, de usar sua expressão para o sentimento mais oculto que sua alma não se cansa de relembrar, tanto na alegria como também na tristeza. É desse humano que gosto. Sim, desse humano mutante, uma lagarta provocante ...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Linhas escritas

É o dia que surge com a luz em movimento
É o ontem que acabou, finalizado em suas 24 horas
O escuro perdeu a forma
A bruma se desviou para outro lugar
E o olhar enxergou mais um ponto obscuro
As palavras marcadas na prece de quem não disse nada, apenas sentiu ...
Observar o observado, esticar o horizonte, linhas escritas em cada
ângulo que os olhos colocam sua força ...


Imagem: Google

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

; ainda escondida ;

Chuva que lava o corpo é a mesma que pode deixar a mente mais quieta, provocando a nostalgia. Fazer eu ver, eu relembrar. E minhas promessas? Por onde estarão andando? E minha lista das mudanças para mais um ano, onde estará escondida? Difícil de reconheer, mas sei da minha dificuldade na terra, nesta terra dura, infiel e ao mesmo tempo tão bela como doce misturado ao amargo. Conheço o caminho, mas o não caminhar é a mais cruel das minhas atitudes. Não me observar me coloca num quarto escuro, sem mãos que me guiam, sem justifcativas que sejam aplausíveis. Não ver a mudança torna minha consiência estupidamente paralisada e com uma certa vergonha de continuar as leituras complexas sobre a evolução humana. Mas a chuva também alivia, agrada a alma e me deixa livre e vazia para mais um começo .... assim espero, sempre espero.


Imagem: Google

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

História em papéis

Os papéis velhos que contam histórias.
Registros de um tempo que foi marcado por uma outra tradição. História de mulheres que precisavam de procuradores homens, por não saberem escrever ...
E de homens simples que nada entendiam sobre "ser dono" do que era seu ...
Registros de escravos, com alforrias nas mãos buscando um pouco mais de liberdade ou donos de terras fazendo seus registros desesperadamente tentanto encontrar seus preciosos bens que corriam e se escondiam nos matos e nos quilombos
Uma letra, muitas artes
Um documento que revela um processo, um imaginário que busco sempre entender ...



Sou historiadora - busco sentimento em letras e grafias nesses papéis amarelados com o tempo, um tempo bem longo, distante de tudo o que há aqui ...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

. já aconteceu .

E de tanto andar em círculos o caminho vai se tornando conhecido.
Os próximos passos já perderam a graça que o mistério tem, os mesmos ventos
que empurram para o mesmo lugar, as mesmas placas.
Nada é tão injusto como criar o vício de rodear a
nossa própria existência, ficar perambulando em torno dos
pensamentos que já passaram.
A fuga para o que já aconteceu. 
Tamanho sofrimento nesses círculos de espinhos que já sentimos, que criam iscas de dor para que voltemos nossa atenção para eles e novamente por ali, passar naquela mesma pegada.
E tudo continua como exatamente se encontrava. E se encontra ...



Imagem: Google

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

é tudo claro por aqui


Fica fácil continuar a remar quando
se tem muita luz para iluminar ...

Então fiquemos assim...

Quero afogar meu carinho
No seu rosto com a barba feita e provocante
Quero a janela aberta com aquele vento que arrepia
E na cama feita como templo busco a melhor poesia
O beijo que me fecha os olhos
A mão que aperta meu coração
O dente que me mostra sorriso
A voz que me fala ao ouvido
Os abraços entrelaçados – já nem sei quais são os meus ...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Bons ventos sempre chegam

Tranca-se no quarto para que ninguém lhe faça companhia. Arranca a máscara escondida no guarda-roupa para todos serem felizes. Menos ela. E sempre em desespero eterno por ter que calar quando a voz quer o mundo, quando os olhos pedem para que sejam vistos por trás daqueles buracos no pedaço de retrato falso e mal pintado. É claro que isso a deixava triste ...

De saia indiana.
E cabelos soltos.
Com a poesia no pé e o destino na mão.
Assim ela seguia, seguia quem não conhecia.
E falava como quem não tem paredes no coração.
Seu muro era o mar e já se encontrava pronta pra atravessar.
Ás vezes sentia um mero avermelhar na face quando alguém a chamava de "avoada".
E ela era mais ao menos assim - "avoada". Um termo absolutamente normal para quem já sentia o vento embaixo dos pés .

E uma alegria começou a brotar - que nem vento quando trás notícia boa...


Imagem: Google

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Bailarina Surrealista

E se eu querer berrar e perder o controle, me aceita assim também
Pois nem sempre saberei andar como bailarina numa corda invisível
Numa corda que me mata, com a dor voltada para meus
pés que insistem em se firmar ...
Que balança só para me ver cair
Mas que me ama de tanto me ver tentar...


Imagem: Google

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Essa é para você

E então me carregou para onde
eu não queria ir
Veio meio sem jeito e
abriu a porta de um peito bem vazio


Antes tudo tão deserto, sem graça
e sem sal
Hoje a tempestade transformadora, a chuva que lava
E leva à alma um encanto um tanto estranho


O que tinha significado, perdeu o sentido
O que era feio ficou diferente
O que era lágrima virou prazer
O que era guerra virou a calmaria vista nos oceanos


E de tudo o mais belo
É sermos apenas um em meio à multidão
É nos entendermos sem dizer absolutamente nada
É saber que vamos, mas que sempre voltamos

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

o vazio liberta dor


Há ainda que se queimar muitas coisas.
O velho preceito, os antigos pactos com um tempo que era
desconhecido.
O amanhecer lotado de entulhos, velhas coisas que adquirimos.
A falta de coragem para durante o sono ter a capacidade de apenas
sonhar.
Há ainda uma violenta força oculta
que precisa urgentemente de total aniquilação.
O que eu sabia e o que eu julgava.
Há que se ter em mente o nada,
um vazio libertador.
Uma indiferença diante
dos outros, mas
principalmente diante
de mim.
Indiferença carregada apenas
de esperança.

"Sim, eu realmente espero o dia em que ser livre
das coisas que carrego possa me dar o céu como
presente para quem ficou na terra tempo demais..."

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

:na luta de saber o que se é:


E minhas mãos falam o que meus ouvidos não escutam.
E cada um segue seu curso na completa falta de retidão, de acerto em meu próprio corpo ...
Se nem eu me entendo, porque pediria isso dos demais?
É tudo curvo, tudo em linhas cortadas pela ambiguidade de que sou feita...
Minha boca pede mais justiça, mas
meus ouvidos não escutam o choro do inocente.
Meus olhos vêem o que é errado e minha boca não consegue pronunciar as
palavras de justiça ditas nos segundos atrás.
Minha mão toca o que é santo e
meus olhos se fecham para tal contemplação.
Minha mente tem vontade de mundança e
meu corpo se entrega à inércia.
Meu coração sente o caminho do amor e
minha razão não me deixa prosseguir ...

E a luta interna continua sem nenhuma estabilidade.
E o que acontecerá no final de tudo isso?

Nós

Encontro-me num caos, perdido e preso naquilo que eu sou.
Sinto-me como um doente, sem lembrança, apenas saudades...
Olho tudo ao redor e vejo a cor cinza e fria dos dias que a realidade domina
sem piedade, sem dó, com nós na garganta prendendo as palavras doces, com nós no coração
que ficam presos todos os sentimentos...






quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

felicidade nas palavras que eu gosto

Parece sempre que carrego aqui dentro mil vidas que nem foram minhas. Vidas que se foram, vidas que me largaram no caminho ao me verem escolher outros bem diversos. Ao sentir todo tempo passando e indo, sinto que a mudança foi a mais doce, a mais amarga e a mais impossível de ser controlada, de toda minha existência, dessa existência, um tanto pequena, ínutil algumas vezes, uma existência encasulada com a mudança em segundos assustadores.
Gosto de escrever sobre o que se passou, do tempo vivido e de minhas teorias complexas sobre minha mente sempre em colapso. Mas hoje, quero escrever sem amargura, sem culpa, apenas deixar as teclas fluírem, livres, desatentas, ás vezes realistas demais, mas sempre com o bom humor que estou aprendendo nesses dias instrospectivos. O que passou, passou, oras.
Que fique apenas o gosto do aprendizado e a sabedoria de compreender que cada degrau é sempre para cima. Que meus desgostos se tornem pontes para atravessar para o outro lado e levar todos comigo, até mesmo você. Que o passado passe, que vá embora, que fique a lembrança do que vivi mas sem a sombra do desespero ao recordar que poderia ter feito diferente. Não fiz, não era pra fazer. Hoje farei, eu prometo, eu lembrarei dessa promessa.

Não foram amizades falsas. Falsidade não existe, mentiras não existem, tudo é um campo de vibrações e posições dos pensamentos em frequências energéticas.
E quando não puder retirar uma lembrança triste, que eu possa sempre me lembrar que a escada continua, com todos os outros degraus e que sempre terei outros tropeços por aí...

Que a vida venha, que o sorriso não vá embora - cabe lugar pra todo mundo aqui!
Que meu coração fique vazio - quanto mais vazio, melhor!
Que meus olhos fiquem fixos num ponto um pouco mais além!

"Cada um tem o seu passado fechado em si, tal como um livro que se conhece de cor, livro de que os amigos apenas levam o título" (Virgínia Woolf)