sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

o meu mar é doce


Liberdade para andar em lugares opostos
Pois meu mar tem deserto dentro de si também. Como areia que não se molha ao cair na água ou como chuva que não se desfaz ao encontrar a areia branca e reluzente

Meu mar é doce
Minha árvore canta
E meu deserto é vivo de sementes
escondidas...



terça-feira, 24 de janeiro de 2012

uma mão que sabe o que faz...

É que decidi eu mesma escrever como vai ser
para não ficar depois acusando o céu pela possível decepção...
Claro que também escrevo que algumas coisas sairão do controle
e que a raiva e a tempestade voltará
de vez em quando.

Mas ficará bem mais fácil consertar o que eu mesma me propus a passar.
Que o céu me perdoe,
mas quem escreve aqui sou eu...

Ele pode ajudar com a doce água profunda
em dia de sequidão
ou enviar o sol bem limpinho com
o prana pra mim.
Ou quem sabe me lembrar que
o fogo sempre vem para purificar.

Porém nada mais, apenas isso.

era um caso sério...


um floripôndio em machu picchu



E não tinha jeito.
A menina gostava mesmo de se
deslumbrar com o que ninguém percebia.
E gastava todas suas horas contemplando
um amarelo antigo,
misturado com um verde meio azulado
(coisas do céu querendo ficar mais perto...) 
e com um cheiro
inebriante...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

"procura-se por asas fortes"



É preciso um pouco de ousadia para abrir o que estava trancado.
Voltar aos velhos e bons costumes de quem um dia foi e voou, mas que cedo sentiu cansaço...
Há uma urgência na necessidade de (re)conhecer o que antes fazia os olhos vibrarem.
Precisa-se com extrema delicadeza de que a tampa da vida se abra
e produza o velho jeito de sorrir diante do que já sabia, mas apenas preferiu não lembrar mais.


O antigo poema rabiscado no papel de cinema.
O pensamento de uma viagem que só se concretiza durante os sonhos
numa noite pertubadora e inquietante.
A coragem que logo se desfaz na primeira chance.

Um pouco de ousadia não basta, que se crie então um punhado de asas
e que nos arranque da lamentável e triste lama onde se encontram nossos pés ...

sábado, 21 de janeiro de 2012

talvez uma complicada solução

Tudo está errado. Completamente errado. As caixas estão cheias de entulhos e os lixos sufocados de coisas valiosas. O que era raro literalmente ficou comum e assim a vida passa a imitiar uma cifra realista e nada confortável. Uma poesia provocante como é próprio do homem. Todos estão parados e a juventude consegue limitar o que antes já era cosiderado fraco demais, obsoleto ao extremo. Tudo enferrujado. Todos enclausurados numa prisão que ninguém sabe ao certo quem foi o seu construtor. E ninguém procura saber. Ninguém quer saber.
Meus sapatos foram trocados (ou são esses pés que não me atendem mais?). A tv matou-me com os anos passados e fui sugada por uma falsa idéia de liberdade que a religião me apresentava. Fomos colocados longe do ninho, fomos pisados até sair de nós toda ilusão de um mundo melhor, toda água da vitalidade. O fim chegou e ninguém percebeu. Não percebi. Não perceberemos jamais. E assim, somos mais uma vez empurrados pela nossa própia vontade ao poço mai próximo e queremos mesmo e ficar lá, no fundo onde nada pode nos achar e onde todos ficam a nos observar ...
E rodeada pelos infortúnios, no meio ao lodo, não há mais o que se fazer.
O jeito é fechar os olhos para ver melhor e deixar que o lodo produza o mais belo de todo os lótus, pois até os deuses foram feitos da lama da terra ...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

retrato inútil

Cores, retratos e ainda não
sei bem
quem sou.
Fujo da inutilidade da
descrição e
caio diante do intrigante
espelho que me deixa na nudez da
minha própria exatidão.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Faço ao andar ...

Sempre tentei desenhar meu próprio caminho e no final de tudo descobri que ele só se fazia ao contorno dos meus passos. Quanto mais caminhava, mais desenhado ficava. No começo de mais um ano, estou conseguindo enxergar o que antes era embaçado demais, tudo muito difuso e nada era claro. Mas o tempo e todas as suas graças me veio em rodas flutuantes e o silêncio tornou-se meu maior deus.
Vi que pintei com cores erradas, passei da conta algumas vezes, mas nada que deixasse o caminho menos colorido, pois até a tristeza tem sua cor singular e bonita também. Ás vezes, ela é a que mais dá o tom importante no quadro da vida - da minha pelo menos.
Num sentido mais amplo, esse ano será bom - meu maior desejo. Os outros virão logo em seguida.
Quando se está no 'bom' grau do que é para ser, o tudo mais se torna resto. Que venha o que vier com todas as mudanças, com mais um ciclo em sua renovação e mais um traçado torto e humano para ficar na memória.

"Todos estes que aí estão atravancando o meu caminho,
eles passarão ... eu passarinho!" (Mário Quintana)